sábado, 25 de abril de 2009

PACTO E EXPANSÃO DO PODER EM SANTO AMARO, SÃO PAULO/SP

PACTO E EXPANSÃO DO PODER EM SANTO AMARO, SÃO PAULO/SP

Destruíram uma economia emergente do Estado de São Paulo de aproximadamente 8000 quilômetros de ferrovias, desarticulando contatos de escoamento de produção de agricultores pequenos, que não tendo como escoar sua produção por conta própria, venderam suas terras a esses agiotas abalizados pelo maior símbolo capitalista, os bancos, que nunca produziram nada de utilidade, mas são detentores de toda estrutura financeira do mundo, com banqueiros que ditam as regras que lhes apraz em determinada época ou determinado setor regional.

São Paulo produziu por décadas algodão, café, e manteve uma agricultura de subsistência interna. Atualmente produz milho para combustível e soja transgênica, ou seja, uma semente que não se reproduz obrigando o agricultor às regras dos laboratórios de controle genético. Não há mais plantadores, não há quem faça colheita em São Paulo, evidentemente em todo país, pois a tecnologia tomou conta do campo. As máquinas plantam e colhem com único operador de máquinas agrícolas, e simples manuseio de botões.

Para onde caminhou esse contingente de agricultores do campo?
Para o maior campo de concentração produzido até então pelo poder: Às cidades. Estando esse contingente confinado em guetos é muito mais fácil abocanhar onde há as riquezas naturais, na atualidade em regiões do Norte do Brasil. Há de se contestar que ninguém em momento algum passou o direito de posse, e posse, também e fruto de roubo.

São Paulo e Rio de Janeiro serão ligados por um trem de alta velocidade, num valor de 11 bilhões de dólares, que obrigatoriamente precisa estar pronto até 2014 para serem usados entre estas cidades por turistas estrangeiros verem a Copa do Mundo. O fluxo deste investimento virá dos países mais ricos do planeta e não são mais que meia dúzia deles. Outro fato e que essa tecnologia esta mais restrita ainda, pois esses equipamentos virão sem sombra de dúvidas da Alemanha, Japão e/ou França.

O trajeto também esta claro ao poder internacional, porque o nacional, se manda, manda pouco: Partirá do Aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro com trilhos cortando o Vale do Paraíba, entrada no passado do café em São Paulo, em direção a São Jose dos Campos, passando pelo centro de São Paulo, que sem dúvida terá uma moderna estação ferroviária que fará da principal Estação da Luz, um remedo de estação, podendo ser até atropelada e tombada, pois história deve ser apagada, o que interessa ao poder é o progresso, e parte desta história já esta no chão, se dividam visitem o arredores da rua Mauá em São Paulo. O “trem bala” será atirado em direção ao Aeroporto Internacional de Cumbica e depois a cidade do interior paulista em Campinas.

São Paulo não pode parar, é adágio popular, mas um slogan mentiroso, decantado há décadas. Como se entrava em São Paulo quando não havia o Aeroporto de Cumbica em Guarulhos? Pelo Aeroporto de Congonhas, idealizado na década de trinta e único capaz de receber grandes aeronaves. Estas por sua vez cresceram, a tecnologia criou aviões maiores, logo necessariamente, pistas maiores. O projeto de ampliação do Aeroporto já existe embora os mentirosos falem que não. Ele foi requerido pelo poder após o fatídico dia do acidente do avião que vindo de Porto Alegre ultrapassou a pista, embora a dita aeronave tivesse problemas técnicos de funcionamento, e, quem trabalha com mecânica denomina “gambiarra”. Este missivista estava em Porto Alegre, na Universidade UNISINOS, num encontro de história, em São Leopoldo, a comoção foi geral.
São Paulo ampliará sim o aeroporto de sua cidade, com todas as chiadeiras que possam existir. Os técnicos não cogitam novo aeroporto em outro local, como por exemplo, em áreas de expansão do Rodoanel, onde o trajeto desrespeita áreas ambientais, mesmo com leis, não há limites aos interesses capitalistas, e para que manipulasse o poder não se aplica sanções, e a lei e mera letra estampada no papel, na pratica “a lei, ora a lei” não tem força de ação, em proteções ambientais. Não aprofundemos na Amazônia legal, pois acredito que haja uma ilegal, pelo termo aplicado. Ser neoliberal, “um da liberdade nova”, não é abrir mão de riquezas naturais em prol de agiotas mundiais!
Sigamos com a carruagem. De repente vemos que o governo paulista propõe navegar o Rio Tietê, e que será concluído até 2020. Pode-se ter certeza que este rio já recebeu mais investimento que muitos recursos expatriados por ilhas fiscais do planeta, que não pedem recibo de procedência, e dinheiro é um objeto que não tem nome estampado, é um produto cheio de bactérias, algo realmente imundo, que passa de mão em mão até o destino conclusivo de financiar crimes lesa pátria, ou melhor, lesivo aos cidadãos.

Para que o Rio Tietê e seu afluente Pinheiros, que chega à represa Guarapiranga e na Billings haverá investimento de mais 2 bilhões de reais, fora o que foi para o ralo, ou para cofres alheios. Só para se ter idéia, já edificaram e nunca concluíram, 67 projetos para revitalizar o Rio Morto, somos invejosos para até isto copiar pois já há o Mar Morto. Sim, Rio Morto, pois em São Paulo ele é um arremedo de rio, parado, de uma graxa preta estagnada na superfície, de longa data, desde quando as usinas invertiam o curso do Rio Pinheiros e lançavam nas águas o óleo negro das máquinas. Matou-se toda a vegetação da margem do Rio Pinheiros, a da mata ciliar de manutenção da vida do rio. Além disto, em suas margens fizeram uma barragem de concreto, que impressionou um técnico europeu, conhecedor da recuperação do Rio Tâmisa, em Londres e o Sena em Paris, quando ele pensava ser um canal de obra de engenharia, descobriu ser um canal natural, e isto é o que é hoje, pois o Rio Pinheiros já possuiu anteriormente 45 quilômetros não passando de mais de 27 quilômetros atualmente, construído entre a Represa Guarapiranga e o Tietê, e descobrindo que era um rio de existência natural, abaixou a cabeça tristemente, em conclusivo dizer solitário: CRIMINOSOS!

As empreiteiras expandem-se às margens do Rio Pinheiros e seguem em direção a Santo Amaro. Temos como cartão postal ainda inacabado o empreendimento Cidade Jardim, com shopping, edificações imobiliárias, que mostram toda pompa e magnificência, próximo ao lado oposto lojas de grandes grifes internacionais, e um conjunto de edificações que surpreende quem chega à primeira vez na cidade.
O ponto de referência é o antigo brejo da várzea do Rio Pinheiros, um lugar que há menos de meio século ninguém queria morar. Neste local temos hoje um dos lugares mais valorizados de São Paulo, e resistem teimosamente famílias que moram no local de longa data, e hoje precisam, apesar de que “precisar” é o termo usado pelas poderosas organizações, ofertando R$ 8000,00 de indenização por família pobre que resida nas imediações. Evidente que há um parque midiático que transmite em rede nacional em reportagens uma das pontes somente de interesse turístico, com 144 cabos de aço pré-estirados de sustentação, que consumiu 240 milhões de reais, que é atualmente o cartão de visita da rede televisiva, nunca as câmeras mostram o outro lado da realidade das expulsões, vivem de fantasia, pois esta ponte não tem fluxo que justificam sua construção.
Do outro lado, na margem oposta paralela ao Rio Pinheiros,há o parque Burle Marx, administrado pela economia privada, que pertenceu ao industrial Baby Pignatari, com o nome Chácara Tangará, do clã dos industriais Matarazzo, estando atualmente cercado pelo conjunto imobiliário Panambi, na antiga estrada do Morumbi.

As indústrias saíram todas de Santo Amaro, e pode-se dizer, sem dúvida em errar, que era um dos maiores parques industriais da capital paulista, e aquelas que não saíram ainda, estão arrumando as malas, sendo a maior debandada silenciosa do que foi um dia um pólo industrial respeitável. Os operários destas empresas que vieram dos mais longínquos locais, de vários estados, de vários países, fixados na região, também irá se mudar com as fábricas? Evidentemente que não, já se tornaram mão de obra obsoleta.
De outra feita, as indústrias se remanejam com certa destreza, pois galpões na atualidade são pré-mondados, construções leves e rápidas. O maquinário, poucos serão aproveitados, pois há uma tecnologia de produção muito mais eficiente e produtiva, não não necessitando de grande contingente de mão de obra operante, as máquinas são programadas, por vezes por quem nem conhece o ferramental, basta acionar botões, liga desliga, e a produção é mais eficiente.

Atualmente os limites periféricos transbordam pela desigualdade e afluem por esferas elevadas. Para sentir este momento, basta enveredar-se pela Marginal, ou melhor, Nações Unidas, que circunda a cidade. Depara-se com galpões que no apogeu da industrialização foram sinônimos de pujança de referência santamarense, e agora apodrecem sem cuidados, deteriorados pelo tempo. Empresas como Squibb, Caloi, Monark, Fieltex, Plavinil, Bera, e muitas outras, agora são um amontoado de entulhos, verdadeiros cemitérios abandonado que serão demolidos para pólo imobiliário de alto padrão.
Por alguma teimosia ainda subsiste a imponente torre da antiga empresa Metal Leve que foi orgulho na produção de pistões automotivos e “Área de Segurança Nacional”, mantendo ainda suas dependências o nome de MAHLE, de controle americano do norte. A tradicional empresa de rádio e televisão SEMP, subsidiária TOSHIBA já acena seu adeus a Santo Amaro, pois seus atuais “donos” estão de malas prontas para outra região.

Este proletariado e sua prole, que já não possui os mesmos sonhos de seus pais, irão permanecer em bairros populosos com poucas alternativas de emprego, de uma atividade gerada de um trabalho regular e, por conseguinte pouca renda de sustentação.
Hoje na região do extremo sul, esta havendo debates quase que semanalmente para definir políticas públicas sustentáveis, num quadro conflitante entre habitação e meio ambiente. São Paulo necessita de água, e capta a mesma da região por bombas de recalque vindo da Billings/Guarapiranga ou da Cantareira ou da cidade mineira de Extrema. São Paulo já está no limite de abastecimento, importando água de outros estados.
A região possui, além disto, belezas naturais em áreas cobiçadas pelas maiores empreiteiras do país, para implantar um milhão de casas populares, como prometido pelo representante Máximo da nação quando do Fórum Social Mundial de 2009, em Belém do Pará, que este missivista foi testemunha do fato, mostrando para outros representantes de outros países que o Brasil pretende ser a força da América Latina, mas com discurso pobre, sem repercussão impactante nos presentes, pois estava mais voltado ao discurso do neoliberalismo e interesses de multinacionais. Exponho não como observador existencialista deste único instante, mas com antigo proletário que fez sua parte pelo Brasil, traído em palanques de farsa e mentiras, como tantos outros, não posso, ou melhor, não devo acreditar em palavras e “PACto”.
As empreiteiras estão querendo usufruir dos 34 bilhões de reais para implantação do programa, esperemos que não seja desviado para empreendimentos de luxo, ou estádios para receberem a Copa do Mundo de 2014, neste país rico em recursos com um povo tristemente pobre.

Não devemos esquecer que o estado de São Paulo já se locomoveu sobre trilhos com quase 8000 quilômetros de extensão, e hoje possui míseros 70 quilômetros de metrô. A linha da CPTM que liga Santo Amaro a Osasco não contempla toda a demando do local, pois andam com o mínimo de composição, não tratam a causa para solucionar o precário sistema e os efeitos recaem sobre uma massa espremida em toda esta periferia. O sistema de locomoção de massa não contempla as necessidades, com seu péssimo transporte urbano.

Santo Amaro está aos poucos se transformando para receber a expansão da capital paulista. O lugar interiorano, que foi readequado como limítrofes da cidade em 1935, e que tinha sua área compreendida desde o parque do Ibirapuera, terras antigas dos índios Guaianazes, do cacique Caiubi, que preferiu ali se refugiar, não aceitando o adestramento do europeu, que havia tomado a aldeia de seu irmão Tibiriçá, para ali implantar uma vila em nome do poder, está novamente sendo usurpada pelo poder.

O século 21 ampliará os domínios sobre o extremo sul, haverá ampliação do sistema metroviário, que ligara Santo Amaro a Chácara Klabin seguindo o trajeto do antigo trem a vapor idealizado por Albert Kuhlmann, que por sua vez repetiu-se com as antigas linhas dos bondes e que seguirá agora com o metrô. Diz-se que a história não se repete, mas pode-se dizer que se assemelham. Alem disto a Capela do Socorro, na sua Riviera Paulista, terá em toda orla cinco parques para embelezar e proteger os mananciais. Esperamos que tudo isto que está sendo proposto para o extremo sul, não seja para acobertar uma famigerada expansão imobiliária predadora, do tipo: “Prédio de Frente Para a Represa”, e que todo este remanejamento não seja uma nova gentrificação, higienização e expurgo local, onde as “elites bárbaras” assumirão toda infra-estrutura que será implantada expulsando quem realmente tem pertencimento local e matando a história em nome do expansionismo econômico.

O poder político sempre toma a dianteira no assunto em prol das regalias das elites, pois elas financiam seus próprios projetos para deles tomarem posse, e usufruírem dos benefícios, enquanto o social contenta-se em assumir papel secundário nas ações.

A história sempre esta relacionada ao tempo e ao espaço determinado, e por isto que devemos perpetuá-la às novas gerações para que os “seqüestradores da história” não mintam e nem triunfem com suas mentiras, e mesmo que a ortodoxia acadêmica bata no peito a dizer não haver resgate da história, há o seqüestro!

Sem comentários: