sexta-feira, 30 de julho de 2010

Perpétuo Socorro pela Represa Monumental

Alerta: Um Capítulo da História da Represa de Guarapiranga

Regozijos devem sentir muitos pelo auspicioso momento, embora tantos não terão o prazer de ver o retorno do “Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico” previsto para agosto de 2010, talvez, sendo reinaugurado em 21 de agosto, data em que foi feito em 1929 a pompa de instalação do “Memorial” na esquina das Avenidas De Pinedo com João(Ribeiro)de Barros e que muito representaram naquele momento.

Um Largo próximo a uma Capela foram aos poucos sendo habitado por uma necessidade da aproximação da Serra do Mar, com o porto de Santos, por onde afluíram os primeiros colonos. O local por muito tempo sofreu a carência e o abandono do poder público e sem saneamento e critérios de ocupação o local foi perdendo sua vegetação natural e as belezas que encantaram a tantos brasileiros e estrangeiros. A continuidade do Objetivo:
Werena Çukurs; Hilda G. Sterchele; Neuza Meneghello; Edmundo Manzini; Vilton e Estanislau
A divina providência um dia deu-te o nome que merecias “Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, de incessante e constante “luta perpétua” em “busca de socorro”.

Muitos levantaram a bandeira da indignação, não deixando que pisassem nela sem respeito ao local. Na década de 60 foi criada a “Sociedade Amigos do Socorro” que muito representou pela causa da preservação do local e mais tarde pelo que simbolizava a história, exigiam o retorno do Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico. Seu presidente José Fonseca Lima, com outros moradores da região, sempre atentos as transformações locais, requeriam dos administradores a infra-estrutura básica de ocupação e também, mais tarde, pela restituição do Monumento, e justamente no ano de sua volta, acontece seu passamento, ficando registrado o réquiem de uma luta.

Silenciosos colaboradores, esquecidos do poder público, estavam atentos as transformações, mas viam com tristeza o desrespeito com um “lugar tão bonito”, a Represa de Guarapiranga. O aviador Gunars Çukurs, que percorreu por muito tempo a superfície com seu hidroavião Seabee, um Republic RC-3 de fabricação americana de 1946, chegou ao local em 1957, proveniente de Santos onde passou uma temporada após a família ter se fixado no Rio de Janeiro, na Lagoa Rodrigo de Freitas, onde mantinham atrações que foram incorporadas ao lazer turístico da Riviera Paulista. Sua filha Werena relata com precisão de conhecimento adquirido, pois nasceu e viveu cercada de escunas, e dos aviões Seabee e Albatrozes da FAB que pousavam na represa para treinamento, que representava o dia a dia da família, onde todos tinham uma aproximação de trabalho, além de aero-barcos, como o Bidú, exposto no Clube Santa Paula em 1961 que poderia navegar sobre as ondas mediante uso de hidro-foils, um sistema de “braços” laterais articulados e adaptados às embarcações para diminuir o atrito com a água. De tempos em tempos havia inspeção dos referidos equipamentos que precisavam de manutenção constante do peitoril da aeronave que sofriam desgaste nas amerissagens, ou das quilhas dos barcos que requeriam manutenção. O trabalho era árduo e constante para conseguir a aprovação do Departamento da Aviação Civil, DAC. A oficina dos Çukurs representava uma sala de aula acadêmica, de saberes de verdadeiros inventores, que testavam eles próprios seus aparelhos e as modificações. Seu pai Herberts havia chegado ao Japão na década de trinta com um projeto pessoal de um avião que denominou C-6, e também à África com o seu C-3.As invenções estavam no sangue da família.

Assim às margens da Represa de Guarapiranga surgiram ultraleves, flutuadores e a recuperação de uma “verdadeira jóia rara” um sonho antigo, recuperar um Helio Courier. Gunars tinha o sonho de recuperar um Hélio Courier que tinha a facilidade de decolar em pistas muito curtas; queria adaptar flutuadores e decolar de uma rampa em frente a sua casa.
Por vezes havia ondas enormes formando marolas que todos precisavam ancorar as embarcações pela força dos ventos.
Aos poucos alguns proprietários de glebas de terras resolveram lotear a região em grandes lotes e aos poucos a ocupação tornou-se desenfreada e clandestina, terrenos vendidos sem nenhum controle e sem averbação municipal, com grileiros apossando-se da bacia que abastecia 30% da reserva de água natural da capital. Deste modo a represa começou a perder seu encanto, e sua característica foi agravada pela falta de saneamento básico que contivesse detritos provenientes de uma população cada vez mais numerosa. As reportagens da década de 60 que continham sugestões de “apreciação de arvoredos” e atração turística internacional com águas plácidas, passa a combater o desordenado modelo sem um plano de ocupação planejada, que competiam ao poder público omisso.Houve instantes de alerta de década de 80 quando o aviador Gunars, consumindo mais de 500 litros de combustível sobrevoava numa altitude de vôo permitido do espaço aéreo, mostrando e alertando as autoridades locais a degradação local.

Daquela data até o presente nada ou pouco foi feito. Até que o homem se cansou e em 1994 pousou para sempre o seu amigo “Seabee” no hangar, a “Abelha do Mar” parava sua missão após decolar por mais de 50 mil vezes. Via-se escassear os turistas pela degradação local, afinal ninguém em sã consciência vive as margens da sujeira de lixo e excrementos lançados a vazão de 1000 litros por segundo.
Até os peixes foram embora e seguiram-nos as aves, pois o alvorecer e o crepúsculo tornaram-se fétido.
Os aviões Albatrozes de outro proprietário voaram também para outras margens, levados para Ibiúna, para contemplarem outras maravilhas da natureza e o Seabee, como no passado, “retornou” ao Rio de Janeiro, talvez sendo recuperado para formar o acervo o Museu Aeroespacial, MUSAL, na Avenida Marechal Fontenelle, 2000, Campo dos Afonsos, pois consta estar de posse de outros experientes pilotos que o conservam em nome da história. O local em outros tempos um Oasis perdeu sua importância turística por interferências externas que culminou com a perda do grande apogeu que possuía. Um S.O.S. foi colocado como alerta ao SOCORRO urgentíssimo a mais de três décadas pelo aviador Gunars que em depoimento as TVs, ele alertava: “Infelizmente a represa está secando”. A natureza se vinga da falta de cuidados que se exige a quem oferece(u) muito por São Paulo. Houve uma correria de plenária de egrégios representantes legislativos para instituir o dia do bairro, como se isso fosse à principal urgência da realidade local. Urge medidas claras para o uso dos frutos deste antigo rincão, sem os paliativos momentâneos que só agravam o deserto e o abandono!Ações efetivas com aplicação das leis de proteção dos mananciais devem ser aplicadas para coibir a cobiça, além de romper a burocracia política que usa o momento propício dos palanques para lançar seus tentáculos como salvadores momentâneos.
As velhas águias merecem o reconhecimento das “Asas Aladas” pendentes, do sonho do homem em atingir o ápice das alturas do “Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico”, olhando o horizonte dos céus da liberdade que serão contempladas de agora em diante do novo Parque da Barragem, na Capela do Socorro!!!INDICAÇÃO DE CUSTO DE OBRAS EM SÃO PAULO:

UM MERO ESQUECIMENTO OU IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA?













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