sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Administração Pública de Isaías Branco de Araújo na Cidade de Santo Amaro

“SE FIZ ALGO ERA MINHA OBRIGAÇÃO E PARA ISSO FUI ELEITO”

Em pesquisa sobre Santo Amaro recorremos a vários meios informativos para completar uma lacuna que era a administração de Isaías Branco de Araújo na Cidade de Santo Amaro em uma época conturbada de conflitos e interesses políticos que resultou na perda de autonomia, pelos acontecimentos de 1924, 1930 e 1932 acarretou intervenção no Município de Santo Amaro em 1935, uma retaliação, no entender santamarense em represália as posições assumidas. Disto resultou esta pesquisa de um homem público que sem dúvida contribuiu muito para o desenvolvimento local.
-Além do “Álbum de Santo Amaro: A História dos Santamarenses”, de João Netto Caldeira, compendio de 1935, cedido pelo seu sobrinho Lourenço Borba, foram ainda recolhidos alguns depoimentos, graças o magnânimo registro jornalístico da Gazeta de Santo Amaro de 10 de novembro de 1960; 07 de setembro de 1962 e 07 de julho de 1967 que nos forneceu toda as condições de sublimar parte da história de Santo Amaro, recolhida ao longo de 50 anos de matérias jornalísticas de seu diretor responsável Armando da Silva Prado Netto e muitos que colaboraram para que este registro não se perdesse, pois até sites municipais não constam a bibliografia de Isaías Branco de Araújo.
Gazeta de Santo Amaro[1], 10 de novembro de 1960 e 07 de setembro de 1962 -

O Coronel Isaías Branco de Araujo nascido na Capela do Socorro diz:
“Nasci em 13 de janeiro de 1879 num velho casarão não mais existente ao lado da Capela de Santa Rita. Foi construído pelos meus avos, Francisco Branco de Araujo e Ana Rocumback, que haviam trazido a imagem da Alemanha. Esta era idolatrada por toda a família e meu avô achou que deveria o povo, também merecer a proteção da santa e mandou erigir a pequena capela. É para mim motivo de orgulho ver que hoje o lugar tem o nome da santa benfazeja e no lugar do minúsculo templo, ergue-se hoje uma bonita igreja.”
Isaías Branco de Araujo possuía armazém de secos e molhados, chegou a vender fazendas (tecido), pescava e vendia peixes.
“Posso me considerar professor em redes e covos de pescaria. Montei três serrarias: M’ Boi Guassú, Santo Amaro e Itapecerica. Depois montei uma fabrica de macarrão”.
Em 1918, já como prefeito, enfrentou o flagelo de uma epidemia que assolou em Santo Amaro, foi denominada “gripe espanhola” e comenta, orgulhoso do feito, “gastei do bolso”:
800$000 réis ao doutor Brenha Ribeiro
4.297$000 réis ao farmacêutico Artur Franco Martins
8.094$500 réis a farmácia Santo Amaro
974$600 réis a Henrique Fernandes Lameira, em gêneros alimentícios
593$000 réis a Jeremias de Souza, em gêneros alimentícios
388$000 réis a Ângelo Chaplin pelo aluguel de aranha[2]. “Eu ia de aranha distribuir ao povo alimento e remédios”.

As realizações foram se expandindo ao longo de sua administração, prestando grandes serviços e obras que ainda hoje servem ao povo santamarense. Há alguns destaques em estradas que ligaram Santo Amaro ao extremo sul que compreendia a região de Marsilak, Parelheiros e Colônia.

Além do exposto acima consta como realização a Capela e Portal do Cemitério de Santo Amaro, o Matadouro Municipal, pois anteriormente o abate era feito totalmente a descoberto e o galpão existente foi levado por um grande temporal. Foi desta maneira que se idealizou modernas instalações na Rua Borba Gato, “coberto com telhas fabricadas em Santo Amaro por João Lang”.
Foi idealizada a Câmara Municipal[3] que já com idéia avançada desmembrou-se a Câmara transportando a cadeia para mais próximo do Largo 13 de Maio. O salário de um prefeito era de 200$000 réis, e para completar a verba a prefeitura explorava um porto de areia para equilibrar o orçamento e que rendia 300$000 réis. Foi sócio fundador, diploma número 69, da Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro em 1896, e com orgulho falava ter sido jurado do tribunal de justiça entre 1924 a 1937.
“Uma coisa que não gostaria de esquecer foi à construção do corpo da Matriz e o meu convívio com um grande homem, o padre José Maria, que, ergueu a Matriz e quase em vésperas da inauguração foi transferido pela casa paroquial, o que provocou lágrimas em milhares de pessoas. Foi minha maior emoção ver padre José Maria, quando compareceu a inauguração, não como vigário, mas sim como paroquiano. Em sua homenagem dei o nome à rua que hoje leva aos campos esportivos municipais”[4].

As promoções de eventos já era uma marca em Santo Amaro que promovia corridas de cavalos, as parelhas que originou o nome de Parelheiros, alem de touradas adaptadas ao local e as disputas de barcos a vela na represa.

Festividade em Santo Amaro: Festeiros do Divino Espírito Santo
Em 1930, Isaías Branco de Araujo foi escolhido como festeiro do Divino em Santo Amaro, sendo assim responsável pelos preparativos dos festejos do Divino Espírito Santo. (Santo Amaro-Escorço histórico-1932, p.120)
Entronização do Divino (Paróquia São Luiz Gonzaga-Jardim São Luiz, 2010)

O festeiro era o imperador do Divino, figura principal dos ritos e da organização da festa. O casal de festeiros era escolhido entre devotos ao Espírito Santo, além de indicados por festeiros anteriores, sendo submetidos à aprovação final do bispo diocesano ou por sua instituição, delegar a função ao sacerdote local. Além das tarefas de angariar recursos para organizar os festejos. Os festeiros devem percorrer os sub-impérios, singelos altares residenciais, aonde vai promovendo a divulgação da festa.
Na casa dos festeiros ficava o Império, representação do Altar do Divino que poderia estar também localizado em tabernáculo frontal a Praça da Matriz da cidade. No altar em louvor ao Espírito Santo eram expostos a coroa do Imperador, seguido do cetro, um Bastão das insígnias representando o poder soberano do Divino e a bandeira, símbolo sagrado representando o Espírito Santo para os devotos, de cor vermelha, simbolizando o fogo, forma pela qual o Espírito Santo se manifestou aos apóstolos no cenáculo.

Sempre de cor vermelha e com um desenho de pomba branca no centro com fitas de cada um dos SETE DONS do Divino: Os Carismas se enraizam dos 7 dons de santificação:

Azul – SABEDORIA; prata – ENTENDIMENTO; verde – CONSELHO; vermelho – FORTALEZA; amarelo – CIÊNCIA; azul escuro – PIEDADE; roxo – TEMOR DE DEUS.

Há o capitão da festa que deve providenciar a nova bandeira retangular que o mastro ostenta. No entardecer do Sábado anterior ao Pentecostes, os 50 dias depois da Páscoa e quando os dons do Espírito Santo são absorvidos pelos apóstolos que deste momento saem a pregar a Boa Nova. Os devotos traziam bandeiras e começavam chegar à casa do Capitão, que assumia o cortejo em direção ao largo da Catedral, local onde o mastro era levantado.

Isaías Branco de Araujo recorda ainda em depoimento:

“Nosso partido era o PRP[5]. Em Santo Amaro o presidente do diretório era Tiago Luz, e eu era o vice presidente. Outros Lulu Schmidt, José Guilger, Senhor Oscar Stevenson, Herculano de Freitas, João Ambrosio, Mimi Mariano e muito mais”
“Em 1924[6] aqui se tornou asilo de muita gente da capital. O povo santamarense começou a passar necessidade. Peguei meu Fordinho, indo até o quartel general dos revolucionários. Debaixo de balas consegui chegar. Voltei para cá com os mantimentos que fora buscar para distribuir em Santo Amaro. Neste tempo foi tomada a prefeitura. Fui com minha família para o mato, pois cheguei a ser ameaçado de morte. Atravessamos o rio e nos refugiamos no sitio do doutor Herculano de Freitas. Um mês depois voltei para tomar posse outra vez”.

Quanto ao feito histórico da Travessia do Atlântico, em 1927, pelos comandantes aviadores De Pinedo e João Ribeiro de Barros recorda haver recepcioná-los e as lembranças do hidroavião JAHÚ pousando na águas da Represa de Guarapiranga. Depois recepcionou o Conde Matarazzo, que em nome do Circolo Italiano, manteve contato com administração para que houvesse providências para instalação do Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico, e que o prefeito Isaías Branco de Araújo interferisse junto á Light, concessionária canadense para que aprovasse a medida. Sobre a revolução de 30 expõe no depoimento: “Com esta revolução começou meu descanso político. Fui preso político, ficando na Imigração durante 15 dias, meus companheiros de cela eram: Lulu Schmidt, Mimi Mariano, João Ambrósio, e outros”.

Álbum de Santo Amaro A História dos Santamarenses, João Netto Caldeira - p.88

Tomou posse em 1926 a Câmara que deveria gerir os destinos do município até 1928, tendo a seguinte constituição: senhor Manoel Rodrigues Fontes Pereira, Isaías Branco de Araújo, José Schmidt, Frederico Hessel Sobrinho, José Pereira da Silva e Tertuliano Branco de Miranda.
Foi francamente auspicioso par Santo Amaro o ano de 1927, demarcador do início de uma era de prosperidade que conduziu o município para novos horizontes, assinalados por inúmeros melhoramentos.
A constituição, com capitais paulistas, da S. A. Auto Estrada, para a fatura de ótima rodovia, revestida de asfalto, ligando a capital à represa da Light & Power[7] foi seguida da resolução nº 211, da Câmara Municipal, em data de 3 de outubro de 1927, concedendo autorização por 20 anos ao senhor gastão Lopes Leal, com isenção de impostos, para construir moderna estação balneária nas vizinhanças da represa, compreendendo hotel, restaurante, parque de diversões e outros melhoramentos. A resolução nº 214, de 9 de novembro do mesmo ano, concedeu iguais favores ao senhor Oswaldo Costa, com os mesmos objetivos.

Dias antes, em 6 de outubro, a prefeitura havia firmado contrato com o senhor Olyntho Simonini, Giusto de Giuglio e Paulo Cafalli para a construção e exploração de um matadouro modelo. Mais tarde, em 4 de junho de 1928, essa concessão foi prorrogada por cinco anos.
Atendendo à proposta da sociedade anônima Derrom-Sanson[8], representada pelo sócio senhor Derrom, a Câmara, pela lei nº 61, de 2 de janeiro de 1928, concedeu-lhe o direito de exclusividade e exploração, por 15 anos, de uma super-estrada revestida de concreto que continuando, do Córrego da Traição em diante, o trecho iniciado na capital, fosse até a Represa.
Álbum de Santo Amaro A História dos Santamarenses - p.160

Isaías Branco de Araujo, bondade e inteireza de caráter, são os traços que predominam na personalidade do senhor Isaías Branco de Araujo, homem estimadíssimo nesta cidade, sendo descendente de ilustre família de santamarenses cheios de serviços à causa pública.
Aqui nascido a 13 de janeiro de 1879, é filho do senhor Pedro Branco de Araujo e da excelentíssima senhora dona Rosa Branco de Moraes, ambos falecidos.
Operoso e dedicado, o senhor Isaías Branco de Araujo, sempre demonstrou o máximo interesse por seu torrão natal, tudo sacrificando em favor da grandeza de Santo Amaro. Reconhecendo-lhe tais predicados o eleitorado colocou-o na Câmara Municipal, como vereador, em 1911 e, em conseqüência de sucessivas reeleições, só deixou o posto com a revolução de 1930 que extinguiu, automaticamente, todos os governos municipais do país. Eleito prefeito municipal em 1917, permaneceu à frente do executivo santamarense até 1928.
Neste grande espaço de tempo, demonstrou excepcionais qualidades de administrador, devendo-lhe o município os mais assinalados serviços. Durante o movimento revolucionário de 1924 agiu com desassombro invulgar, prestando à população todos os socorros para que não sofresse a falta de víveres ou a ausência de garantias.
O “Matadouro Modelo” é conseqüência de sua intervenção e o grandioso Paço Municipal representa o resultado de sua atividade, constituindo esse soberbo edifício, por si só, motivo bastante a impor a gratidão dos santamarenses. Colocado na presidência da câmara no biênio de 1929 a 1930, coube-lhe entregar o patrimônio municipal por ocasião da vitória revolucionária deste último ano.

O senhor Isaías Branco de Araújo consorciou-se em 27 de abril de 1901 com excelentíssima senhora dona Rufina Branco de Araujo, tendo os seguintes filhos: excelentíssima senhora dona
Eva,Gerino e Isaías.

Gazeta de Santo Amaro, 07 de julho de 1967

Isaías Branco de Araújo, filho de Santo Amaro desde o dia 13 de janeiro de 1879, dia em que o casal Rosa e Pedro Branco de Araujo recebeu a grata visita da cegonha e o cumprimento de todos os parentes e amigos. Aos 22 anos, exatamente no dia 27 de abril de 1901, levou ao altar a senhorinha Rufina que passaria a ser a senhora Branco de Araujo e lhe presentear os três filhos: Eva, Gerino e Isaías Junior.
Homem de luta e muito apegado a sua terra, Isaías Branco de Araújo, Tenente Coronel da Guarda Nacional[9], conseguiu grande prestígio no extinto Município de Santo Amaro, graça a sua coragem e denodo, sendo levado a edilidade em 1911, reeleito para o exercício de 1914-16 sendo eleito Presidente da Câmara de vereadores. Em 1916 atingiu a posição de Prefeito Municipal de Santo Amaro, ficando neste posto até 1828. Novamente eleito vereador em fins de 1928, ocupou a cadeira de Presidente até 1930, quando explodiu a revolução e com a vitória das hostes getulinas, foram extintos os governos municipais.

Em homenagem ao vulto trabalhador e destemido homem público que foi o coronel Isaías Branco de Araujo, a subprefeitura municipal suspendeu seus serviços na segunda feira passada, lembrando as obras executadas pelo extinto, como a construção do paço municipal, na praça marechal Floriano Peixoto ocupada pela subprefeitura. As linhas telefônicas, em 1919, serviço existente em raras capitais brasileiras. Rasgou muitas estradas e melhorou outras, facilitando o acesso de quase toda a região. Com pulso firme e coragem invulgar, manteve a cabeça fria durante a revolução, organizando o serviço de abastecimento de viveres quase normal, apesar da crise gerada pela convulsão político-social. Por volta de 1913, conseguiu a instalação de luz elétrica, inauguração dos bondes pertencentes à The São Paulo Light and Power e, de modo decisivo, influiu na construção do Matadouro da Rua Borba Gato, abertura da Auto-Estrada Washington Luís, entre outros melhoramentos, até hoje elogiados pelos santamarenses.
Isaías Branco de Araujo, de uma geração que deveria sempre ser olhada como exemplo, deixou uma lacuna quase impossível de preencher, já pelos seus dotes de homem publico, já pela coragem e dedicação sempre colocadas a serviço do progresso da terra que muito amou.

“Fui prefeito da Cidade de Santo Amaro de 1917 a 1928, portanto 12 anos à frente do município. Fui vereador por 21 anos. naquele tempo os vereadores elegiam o prefeito e muitas vezes, recebi aquela honrosa indicação”
Procurava evitar falar de obras e melhoramentos: “se fiz algo era minha obrigação e para isso fui eleito”
Faleceu em 2 de julho de 1967, aos 88 anos, sendo sepultado no Cemitério de Santo Amaro, edificando a lápide do campo santo e o torrão que tanto amou, Santo Amaro.

NOTAS:
[1] Créditos: Reportagem de Maria do Carmo e foto de Eleutério Prado
[2] Espécie de cabriolé descoberto, carruagem leve de duas rodas para um só cavalo
[3] Abriga na atualidade o Espaço Cultural Julio Guerra.
[4] Na atualidade onde se situa o Terminal de Ônibus de Santo Amaro, eram os campos de futebol de várzea.
[5] Partido Republicano Paulista (PRP) foi fundado em18 de abril de 1873 durante a Convenção de Itu,sendo o primeiro movimento republicano no Brasil. Seus adeptos eram chamados de perrepistas, predominava no estado de São Paulo durante a República Velha. Seus quadros compunham-se das chamadas classes liberais como advogados, médicos, e, sobretudo, por importantes proprietários rurais paulistas, cafeicultores partidários da imigração européia para as lavouras e fasvoraveis a abolição da mão de obra escrava. O PRP, através de seu ideólogo Campos Salles com a sua "Política dos Estados", conhecido como “Política dos Governadores”, foi decisiva no afastamento dos militares da política no início da República, garantindo autonomia administrativa aos estados sem interferência do poder federal e por sua vez os governos estaduais não interferiam na política dos municípios, garantindo-se lhes a autonomia administrativa.O PRP elegeu todos os presidentes do Estado de São Paulo na República Velha. A Revolução de 1930 depôs Washington Luís e Júlio Prestes não tomou posse, pois havia vencido as eleições pelo PRP com 90% dos votos válidos no Estado de São Paulo. O Dr. Washington Luís foi um modernizador do PRP, instalando uma administração técnica, tanto na Secretaria de Justiça e Segurança Pública, (polícia sem política) quanto na prefeitura e no governo do estado de São Paulo. Na Revolução Constitucionalista de 1932 o PRP e o Partido Democrático se uniram no combate à ditadura do "Governo Provisório". Em 1933,o PRP participou das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte através da "Frente Única por São Paulo Unido." Praticamente todos os membros do PRP tiveram suas carreiras políticas abortadas pela Revolução de 1930. Os próceres políticos do PRP adquiram fama de bons administradores e homens probos, sendo que vários foram considerados estadistas.
[6] O ataque mais sério ao poder de PRP foi a “Revolta Paulista de 1924”, que fez o presidente Carlos de Campos refugiar- se no interior de São Paulo, e organizasse batalhões em defesa da legalidade, conseguindo retomar o poder. Muitos membros importantes do PRP vestiram fardas da Força Pública de São Paulo, hoje denominada Polícia Militar do Estado de São Paulo, organizando e comandando a resistência contra os revoltosos. Este episódio do movimento de militares de baixa patente, resultante da Revolução de 1924 reivindicava reformas no sistema político brasileiro dos anos 20. Derrotados os tenentes organizaram no ano seguinte a Coluna Prestes, chegando ao poder, à frente da revolução de 1930 empossando Getúlio Vargas a presidente que havia concorrido pelo Partido Democrático como candidato de oposição. Ironicamente, seriam alguns desses mesmos tenentes os responsáveis pela repressão do movimento de 1932.
[7] The Light & Power Co. Ltd, à época gerenciada pelo engenheiro residente Mister Luiz Toftd’ ahl(Caldeira, p.170)
[8] Louis Romero Sanson era engenheiro inglês, nascido no Caribe, formado em Caracas, Venezuela, foi responsável pela construção do Aeroporto de Congonhas e a Auto Estrada que ligava São Paulo a Santo Amaro que depois seria denominada Avenida Washington Luís, além da construção do Autódromo de Interlagos, o Clube de Campo São Paulo, trabalhou junto com o engenheiro canadense A. Billings colaborando com o projeto da usina elétrica de Cubatão( referências: O ESTADO DE SÃO PAULO, relato de Jean Sanson, filha de Sanson concedido a José Maria Mayrink em matéria publicada em 29 de julho de 2007)
[9] Uma das primeiras medidas da Regência Trina Permanente, que assumiu o governo imperial após Dom Pedro I abdicar em favor de seu filho Pedro II, que pela tenra idade do sucessor, foi a criação da Guarda Nacional, em 18 de agosto de 1831,que se baseou na experiência francesa, de transferir a segurança do país aos próprios cidadãos, extinguindo os antigos corpos de milícias e ordenanças regidos pelo Imperador. As forças liberais que apoiavam a Regência Trina viam no Exército um dos pilares de sustentação do despotismo de dom Pedro I e um instrumento em favor da possível restauração. Na medida em que as forças locais eram extremamente influentes, era necessário conciliar os interesses do governo imperial com os dos mandatários locais. Foi nesse contexto e em razão desses motivos, portanto, que a Guarda Nacional foi criada. O alistamento para a Guarda Nacional era obrigatório a todo brasileiro com renda mínima para ser eleitor, pois na época, o voto só era permitido às pessoas que possuíssem renda comprovada, nos valores estabelecidos pelo governo (censitário). O alistamento era aberto aos homens sadios que tivessem entre 18 e 60 anos. Não estavam incluídas no alistamento as autoridades administrativas, judiciárias, policiais, militares e religiosos.

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