domingo, 20 de março de 2011

UM NOVO PORVIR: A COMUNA É O CREPÚSCULO OU A AURORA DOS POVOS?

PELA PRIMAVERA DOS POVOS E O FIM DAS DINASTIAS

O Estado é o instrumento controlado por uma classe dominante, um clã que o utiliza para exploração das massas na garantia e controle de seu domínio.

“O Estado... é a consagração histórica de todos os despotismos, de todos os privilégios, a razão política de todas as escravizações econômicas e sociais, a própria essência e o centro de toda a reação” (BAKUNIN). Em 18 de março de 1871 a Comuna de Paris assume o controle em Versalhes contra a invasão estrangeira e o domínio dos “escolhidos” pelos impérios.

Os Communards declararam:

"Somos a barreira inexoravelmente erguida contra qualquer tentativa de derrubada da República. Não queremos mais as alienações, as monarquias, os exploradores nem os opressores de todo tipo que, chegando a considerar seus semelhantes como uma propriedade, fazem-nos servir à satisfação de suas paixões mais criminosas. Pela República Francesa e, depois, pela República Universal. Chega de opressão, de escravidão ou de ditadura de qualquer tipo; pela nação soberana, com cidadãos livres, governando-se conforme sua vontade. ... Então, o lema sublime: Liberdade, Igualdade, Fraternidade, não será mais uma vã palavra".

O Comitê Central, mais tarde, lança um manifesto em que define suas perspectivas:

"O princípio de autoridade está doravante impotente para restabelecer a ordem na rua, para fazer renascer o trabalho nas oficinas, e esta impotência é sua negação ... A independência da Comuna é a garantia de um contrato, cujas cláusulas, livremente debatidas, porão um fim ao antagonismo das classes e assegurarão a igualdade social ... Hoje, o povo de Paris é clarividente ... Rejeitará qualquer prefeito, qualquer representante do poder central imposto por um Governo estranho a suas aspirações". Combates Líbia Foto Reuters(2011)

Em pleno século 21, novamente, os povos precisam levantarem-se contra a opressão e os domínios do autoritarismo, independente do modelo instituído, déspotas da mesma raiz, que não querem aprender com a história, repetindo os desmandos antigos.
Protestos LÍBIA Foto Reuters(2011)

Assim se levantaram o Egito, a Líbia, a Tunísia com a "Revolução de Jasmin" e o Iêmen com a "Revolução das Rosas" e se percebe que não é mais tolerável a repressão dos povos, independente das ideologias.
Áreas Públicas Egito Foto- Ben Curtis-AP(2011)

As revoltas populares ganham as ruas, os povos se comunicam entre si para gerar verdadeiras revoluções sociais, não somente para derrubarem governos, mas para abolirem a repressão do o Estado, este monstro incontrolável em suas aspirações, instaurando novas relações, independente do lugar.
Mão de egípcio que retira barricada na Praça Tahrir, no Cairo. Egito Foto-Ben Curtis-AP(2011)

A última barricada em Paris foi a Rua Oberkampf, tomada pelos versalheses, militares de França, em 28 de maio de 1871, mas as aspirações de liberdade não morreram nestes 140 anos na busca definitiva derrota do Estado opressor.
Barricadas erguidas pelos communards em frente a La Madelaine
Os 72 dias "infindáveis" da história!

"OS DIAS DA COMUNA"
Bertold Brecht

Considerando nossa fraqueza os senhores forjaram
Suas leis, para nos escravizarem.
As leis não mais serão respeitadas
Considerando que não queremos mais ser escravos.

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.

Consideramos que ficaremos famintos
Se suportarmos que continuem nos roubando
Queremos deixar bem claro que são apenas vidraças
Que nos separam deste bom pão que nos falta.

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos, de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.

Considerando que existem grandes mansões
Enquanto os senhores nos deixam sem teto
Nós decidimos: agora nelas nos instalaremos
Porque em nossos buracos não temos mais condições de ficar.

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos, de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.

Considerando que está sobrando carvão
Enquanto nós gelamos de frio por falta de carvão
Nós decidimos que vamos toma-lo
Considerando que ele nos aquecerá

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos, de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.

Considerando que para os senhores não é possível
Nos pagarem um salário justo
Tomaremos nós mesmos as fábricas
Considerando que sem os senhores, tudo será melhor para nós.

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.

Considerando que o que o governo nos promete
Está muito longe de nos inspirar confiança
Nós decidimos tomar o poder
Para podermos levar uma vida melhor.

Considerando: vocês escutam os canhões
Outra linguagem não conseguem compreender
Deveremos então, sim, isso valerá a pena
Apontar os canhões contra os senhores!

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