segunda-feira, 4 de abril de 2011

BALELAS DO BRASIL (01): COLONIZAR OU EXPLORAR?

BRASIL E ÍNDIA: O BRASIL NUNCA FOI PRIMEIRA OPÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO 16


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_Há fatos da história do Brasil obscuros e que comprometem pela incompreensão e a indagação seria o sentido investigativo para o momento histórico , pois parece que o interesse pela “Terra Brasil” era nenhuma, comparando as riquezas que aportavam na Metrópole portuguesa vindos das Índias Orientais, cobiçadas por toda a parte do Mediterrâneo, e abortadas com o fechamento das fontes de Constantinopla pelos árabes, em 1453. Os motivos e os esforços para manterem expedições eram elevados e não se poderia dar ao luxo de desviar recursos em expedições de várias frentes, assim a opção foi sempre pelo melhor investimento, onde o retorno aplicado era de imediato. Os caminhos das Índias Orientais em busca de especiarias era a melhor opção, pois oferecia os produtos requeridos de abastecimento dos vários condimentos disponíveis e cobiçados no mercado europeu, para elaborações de preparativos culinários para satisfazer os prazeres dos reinos. Deste modo o Brasil não era ainda um entreposto, até mesmo o continente africano possuía maiores interesses para instituir benfeitorias litorâneas, o que era o oposto do Brasil sem nada de estrutura e de poucos atrativos, sem reserva de mercado onde seu primeiro produto de algum interesse mercantil foi o pau-brasil que fornecia a tintura necessária para as vestimentas da nobreza.

Os dois maiores favorecidos deste “Achamento” foram os que formavam a Península Ibérica, o encontro das entradas de dois mares, Mediterrâneo e Atlântico. A Península era o mais longínquo reduto do império romano, que ao se esfacelar foi colonizado por suevos, godos, visigodos e outros, (além dos árabes) que se adaptaram ao meio tendo pouca fonte de renda e sempre aderiram ao mar, e esta fonte era imensa, embora o Mar Tenebroso precisasse ser vencido. Houveram algumas expedições de reconhecimento e que usaram de suas atribuições para fazer exploração. Do outro lado banhado pelo Oceano Pacífico estavam impérios antigos, como os incas, (sem contar os maias e astecas ao norte) que conheciam uma metalurgia do ouro que ofertavam além deste, a prata em quantidades de deixarem os reinos de Castela e Leão extasiados pelas benesses.
BOLÍVIA: "CIDADE DE POTOSI"

_Ao sul era incorporada a extração mineraria aos criadores de muares, que transportavam enormes quantias de “argentum” onde o Estuário da Prata era de grande interesse, por parte dos impérios ibéricos, onde Sacramento foi à grande disputa. Assim do “Cerro de Patosi”, onde se formou a Bolívia desciam as riquezas em lombos de animais que cavalgavam léguas até os galeões, que aportavam unicamente para esta finalidade.

BOLÍVIA: "CERRO DE POTOSI"

_Esses animais, mais tarde com as Missões jesuíticas, foram controlados por grandes criadores da ordem religiosa onde sua liderança era formada por uma rigidez de controle militar na obediência a Companhia de Jesus, ordem idealizada pelo basco Ignácio de Loyola, onde seus adeptos eram conhecidos por jesuítas. O ponto de encontro do estuário era controlado por estes homens que fomentavam a catequese dos povos autóctones e que deram origem aos Sete Povos das Missões, depois destituídos de seus encargos pela Coroa foram expulsos em acordos entre Portugal e Espanha, pois os reis de ambas as nações estavam perdendo o controle de suas terras e de seus interesses econômico, resultado decorrente do tratado de Madrid de 1750, com o delineamento de fronteiras. "COMPANHIA DE JESUS"

_Voltando aos primórdios, Somente depois de pouco mais de 30 anos após o Achamento das terras da América e que houve por bem, por parte do governo de Portugal, (que já havia perdido alguns postos em Índia e que consumia em larga escala grandes somas investidas e que não recuperaria com facilidade) assumir a faixa que lhe cabia como acordado pelo Tratado de Tordesilhas jamais respeitado. Assim Dom João III rei de Portugal incumbe um de seus comandantes leais a Coroa, Martim Afonso de Souza, que partiu de Lisboa em 3 de dezembro de 1530, rumo ao sul do novo continente para através de uma frota armada observar donde os “rivais navais” sacavam tanta riqueza, embora houvesse o objetivo de “colocação de marcos”, mas que não excediam tanto até a entrada do Estuário da Prata, terras de Espanha.
"ORDEM DE AVIS"

A expedição primeira de posse da terra, não vinha exclusivamente assumir a postura de colonização, através de fundar vilas, mas de vigiar o estuário do metal de grande valia de então, e, que fazia a Espanha uma potência financiada pela prata da América, a mais valia de seus recursos, muito mais lucrativo do que aquisição de mercadorias das Índias, pois as da América era embarcada pela mão escrava através da mita[1], modelo, mal comparando, utilizado na Europa medieval largamente usada, a corvéia, serviço prestado ao suserano em troca do uso das terras. Através destes interesses iriam nascer às primeiras cidades ao sul e a primeira do interior do Brasil, São Paulo.


Notas:


[1] A modalidade de trabalho empregada pelos espanhóis foi a mita, (modelo empregado anteriormente pelos incas em seu império, que consistia empregar parte de mão de obra para a produção com deslocamento de mão de obra) conhecida também como “repartimiento” e “cuatéquil”. Através deste Nesse sistema empregado foi como extraiu e beneficiou minérios, sobretudo a prata e o ouro, onde os nativos eram remanejados para determinada temporada de serviços compulsórios, inclusive deslocando todo contingente familiar, recebendo baixa remuneração pelo trabalho nas minas, que forneciam parte deste soldo em minério, conhecido como “partido”. Outro sistema utilizado pelos espanhóis como objetivo de seus interesses foi a encomienda, de “recomendar” ou “confiar” alguma coisa aos cuidados de alguém. Esse regime criado em 1512, fornecia comunidades de nativos sob os cuidados de uma encomendero, pessoa reponsavel da encomienda que poderia utilizar a mão de obra ofertada para atividades agrícolas e a extração de metais preciosos. Em troca deste beneficio, o encomedero ofereceria a catequese nos moldes da educação religiosa cristã para os autóctones. Com esse sistema os espanhóis evitaram a utilização em grande escala de mão de obra escrava vinda de África, na sua porção da América do Sul.


Vide também: http://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2010/01/os-terratenentes-do-brasil-12-invasao.html

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