sexta-feira, 24 de junho de 2011

SANTO AMARO E SUA MATRIZ

AGONIA TERMINAL DO ÚLTIMO SÍMBOLO

A cidade de São Paulo, como tantas, é um ser vivo em movimento onde as pessoas se relacionam nas mais diversas atividades, que se interligam no tempo e espaço, onde estas relações estão intimamente ligadas pela alteridade, resultando uma gama de necessidades e interesses que transformam ao redor de todos que vivem em função da cidade e que devem interagir nas mais diversificadas atividades aceitas em todas as relações sociais. A identidade está sempre em construção moldando-se através da memória local, numa luta pela preservação de alguns elementos históricos que definem uma sociedade. As mudanças das cidades acontecem muitas vezes lentamente ou abruptamente numa dinâmica de ajustes e com alguma permanência onde as mudanças interagem com a identidade local que busca uma preservação no espaço de um outro tempo contemporâneo.

Santo Amaro e seu Símbolo

Santo Amaro foi referido por vários nomes indígenas como: Birapuera, Ibirapoera; Jeribatiba (1); Santo Amaro de Ibirapuera, até que definitivamente assumiria seu nome atual de Santo Amaro, nome este que é comum em muitas cidades brasileiras e por isso houve a tentativa da denominação de “Santo Amaro Paulista” para diferenciar das outras referências homônimas.

A fundação de Santo Amaro que, inicialmente era formada por um aldeamento de índios guaianases(guayanãs) pode-se considerar como uma das mais antigas povoações de São Paulo adentrando-se para o interior do Brasil, a Boca de Sertão.
"Conta-se" que seu início aconteceu com a penetração dos primeiros colonizadores através do rio Grande de Jurubatiba que consolidou o local em 1552, sem comprovação histórica, e mais tarde erigiu-se uma capelinha, onde foi depositada a imagem de Santo Mauro, também chamado de Amaro, cedida pelo casal João Paes e esposa Suzana Rodrigues, que aos poucos foi sendo povoado por novos moradores, onde no hodierno é considerada Catedral de Santo Amaro, localizada no Largo Treze de Maio, tendo sua primeira missa presidida por padre Manoel de Paiva com a presença do noviço José de Anchieta em 1560.
Para efeito de território de cúria Santo Amaro foi elevada a Distrito de Paz por Provisão de 14 de janeiro de 1681, com controle setorial e a partir de 10 de julho de 1832,  a Freguesia, como era conhecida toda a relação de paróquia, com seus respectivos “fregueses”, seus moradores, que frequentavam os atos litúrgicos, recebia a outorga de Município. A Catedral de Santo Amaro sofreu várias intervenções sendo as bases da fundação iniciadas  no ano de 1686 quando a "Capelinha" foi transformada em paróquia pelo Bispo do Rio de Janeiro, Dom José de Barros Alarcão, que dirigia a diocese reportada por São Paulo, elevada a cidade em 1711.  Sua estrutura por várias vezes foi alterada, sendo a primeira em 1842. De 1883 a 1886 uma segunda reforma alterava o Frontispício acrescido do relógio da torre, doado por Manuel Antonio Borba em 1885. De 1901 a 1905 houve uma terceira reforma coma construção da Capela-Mor, sacristia e consistório, onde houve a participação do reverendo, padre Bento Ibanez. De 1917 a 1924 houve a construção da nave Central, unindo as duas partes anteriormente construída. O sino por sua vez foi ofertado pelo major Benedicto Antonio da Silva. Na edição do jornal "Polyanthéa" de primeiro de novembro de 1924, número 1560, consagrado as festas da inauguração da Matriz honra com menção da Comissão da Nova Matriz:
Alberto Abreu, Antonio Dias da Silva, Antônio Forster, Armando dos Santos Barroso, Augusto Ferreira de Moraes, Benedicto da Silva, capitão Benedicto Baptista Pereira, capitão Benedicto Branco de Miranda, capitão Symphronio Olympio da Silva, Cenerino Fomigoni, coronel Carlos Moreira Guimarães, coronel Luiz Schmidt, Erothides Luz, Isaías Branco de Araujo, Jacob Carlos Klein, João Lang, José Fraga Foster, José Conrado, José Guilger Sobrinho,José Rodrigues Machado, Mario Luz, Padre Jose Maria Fernandes, Ricardo Nascimento, tenente Frederico Hessel Sobrinho.
A Catedral de Santo Amaro, considerada desde há muito como “A Matriz” possui atualmente bastante comprometimento em sua estrutura e agoniza fechada no centro do Largo 13 de Maio, o único símbolo restante da Cidade de Santo Amaro, de sua imensa grandeza furtada a partir de 1935.

NOTA:

(1) Apresenta-se tantas formas que o termo mais adequado a desinência proposta ao modo do autóctone destas paragens, depois escrito pelo colonizador como Gerivatyba (ou Geribatuba), se refere a gerivá, palmeira comum ao local acrescida de uba, pela grande quantidade de palmeiras existentes em abundância, numa aglutinação formando Palmeiral.

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