sábado, 6 de agosto de 2011

CENTENÁRIO DA "SOCIEDADE HIPPICA PAULISTA”: 1911-2011

UM MOMENTO DA VIDA SOCIAL EM SÃO PAULO: UM INSTANTE EM 1930

O que é contemporâneo?

É o momento, por ventura, em que se vive e as transformações do meio comumente definido como "progresso", e que será superado por outro momento em outra etapa de nova geração que institui ser aquele instante também de mudanças de “progresso”, passando como um rolo compressor em cada época?

Na busca sobre esportistas deparamos com levantamento dos melhores da década de 1930 onde constava Amadeu da Silveira Saraiva, que foi considerado entre os quatro melhores esportistas de então, resultado colhido através de enquete São Paulo Jornal, finalizado em 9 de fevereiro de 1930 dando como resultado:

1º lugar, Antonio da Silva Prado Junior, com 5013 votos; fundador Club Athletico Paulistano e piloto

2º lugar, Arthur Friedenreich, "El Tigre”, com 2131 votos;
Na foto de 1929, Friedenreich, a esquerda, junto com Formiga

3º lugar, Amadeu da Silveira Saraiva, com 1028 votos; esportista e aviador, na foto, junto ao Klemm Salmson AD.9

4º lugar, Guido Giacominelli, com 982 votos; Industrial, descendente de italianos, presidente e técnico S.C. Corinthians Paulista.

Revendo material historiográfico deparamos também com o Centenário da Sociedade Hípica Paulista (SHP) fundada em 31 de julho de 1911, sendo o primeiro clube de equitação e esportes hípicos da cidade de São Paulo.

Em matéria vinculada nos maiores matutinos de então: Correio Paulistano, O Estado de São Paulo,, Folha da Noite, O Combate, São Paulo Jornal, Diário da Noite, Diário de São Paulo, davam ênfase que em 26 de janeiro de 1930 a Sociedade Hípica Paulista organizaria uma "caça à raposa", curso percurso abrangeria os campos de Pinheiros, Pacaembu e Lapa, numa extensão de 125 quilômetros, com difíceis e interessantes obstáculos naturais a transpor para essa corrida, “em que tomam parte os cavaleiros e amazonas da Hípica, foram convidados os comandantes e oficialidade da 2ª Região Militar do Exército e da Força Pública de São Paulo. A reunião dos caçadores dar-se-á na sede do campo da Sociedade Hípica às 7 e meia horas e a partida será dada às 8 horas em ponto”.

Serviria de raposa, o cavaleiro da Hípica, senhor Amadeu da Silveira Saraiva, e todos iriam encontrar-se na sede e dirigindo-se para o Monumento a Olavo Bilac, no final da Avenida Paulista, na Rua Minas Gerais, onde dar-se-ia o início da caçada. (entre os anos de 1927 a 1930 a Avenida Paulista teve seu nome alterado para Avenida Carlos de Campos, assim como depois da 2ª Guerra a obra seria localizada na Praça que recebeu o nome Expedicionários do Brasil e mais tarde destruida seu entorno foi remodelada em lugar próximo com o nome de Praça Mal. Cordeiro de Farias)
"Monumento a OLAVO BILAC", do escultor sueco William Zadig, fundida na Dinamarca era uma composição das peças com busto ao centro, ladeada por outras representativas: A Tarde, O Caçador de Esmeraldas, O Beijo Eterno, Pátria e Família, inaugurado em 1922,  nas comemorações do Centenário da Independência, pelo governador Washington Luís.
NA ATUALIDADE: DE SUNTUOSO MONUMENTO A SIMPLES HERMA DEPOSITADA NO IBIRAPUERA


O "BEIJO ETERNO" (IDÍLIO), FAZ PARTE DA ATUAL "PAISAGEM" DO LARGO SÃO FRANCISCO- QUAL É HOJE O SENTIDO DA OBRA EM HOMENAGEM A OLAVO BILAC?

Esta modalidade havia sido incorporada após Amadeu da Silveira Saraiva ter estado na Europa e presenciado várias corridas do gênero e estava organizando assim esta modalidade com percurso definido para a caça a raposa, onde ele se prontificava ser a caça.

Foi cedida à banda de clarim da Força Pública através de seu comandante Julio Marcondes Salgado, retribuindo a gentileza do convite.

Os cavaleiros e amazonas estavam galhardamente vestidos com traje próprio para o momento, com casacas vermelhas a moda das grandes caçadas do velho mundo:
“E assim desfilavam todos pelo Jardim América, em direção a Avenida Paulista...Cinqüenta cavalos, batendo duzentas patas em “piaffé” no calçamento do Jardim América; a garrulice que o passeio matutino despertou nas amazonas e cavaleiros cheios de juventude;e envolvendo esse grupo tão bizarro zumbido cadenciado da fanfarra...Assim subindo a rua Ana Cintra, chegou pela Avenida Paulista, até ao ponto da reunião, para a partida da caça esse meio cento de cavaleiros.”
Imediatamente após a chegada de todos, o capitão Amadeu da Silveira Saraiva, montando “Sans-Parole” partiu a galope, levando no braço esquerdo o laço de fita simbólica de “raposa”... “Correndo vertiginosamente pelo campo do Pacaembu, ora sumindo no mato, ora, saltando riacho, de galope sempre, ate desaparecer ao longe, por detrás de um morro...”
Chegados à torre do deposito de água do Sumaré, foi dada a voz de caça livre pelo comandante Salgado!

Logo se dividiu em dois grupos que na vanguarda do primeiro grupo estavam Paulo Goulart, Celso C. Dias, dona Yolanda Penteado da Silva Telles e Candinha Prates. O outro grupo era formado pelo tenente coronel Salgado, E. Forssell, dona Marietta Meirelles dona Dinah de Almeida e Fernando Prestes Neto cabendo a estes dois últimos lograr a retirada da fita da “raposa” encurralando a mesma, representada por Amadeu Saraiva. Depois deste desfecho seguiram para a Villa Pompéia e Lapa em direção ao Anastácio Country Club, em Pirituba, onde os aguardava um churrasco.

Considerações:

Ao esmiuçar parte da história nos deparamos com algumas dificuldades próprias de cada momento que se perde por falta de referência, pois nada se deixou destes momentos contemporâneos e com muitas transformações, mas alguns fragmentos são dignos de serem pesquisados para determinar um instante da vida social de um grupo que viveu cada um deste instantes de “progresso” e que transformaram de vez os campos de Pinheiros, Pacaembu e Lapa, das antigas caçadas reais e imaginárias.

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