quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Folclore Paulista e Nacional -COMEMORAÇÃO: 22 DE AGOSTO-

Deslocamento e Aculturação do Saber Popular

Folclore apareceu pela primeira vez em 22 de agosto de 1846, divulgada em Londres pela revista “Athenæum”, artigo de uma coluna assinada com o pseudônimo de “Ambrose Mearton”, que mais tarde foi revelado como sendo Willian John Thoms, editor periódico quinzenal tendo seu primeiro número publicado em 3 de novembro de 1849 “Notes and Queries”, onde aparecem estudos de literatura e história e referências a “THE FOLK-LORE of ENGLAND”, sendo que era estudioso de costumes, superstições e “antiguidades populares”, onde este termo foi usado até aquela data e que somente foi oficializado a palavra “folclore” em 1878, com a fundação, em Londres, da “Folk Lore Society”.
À época coletou-se baladas e lendas, usos e costumes que estariam guardadas na memória popular, percebida no sentir, pensar, agir e reagir do povo na aceitação coletiva do meio e da cultura espontânea dos grupos sociais: “material”, “espiritual” que se somam também o “imaterial” dos campos e das cidades.

O “material” está representado por utensílios, artesanato de composição natural como cestos, abanos, jacás, samburás, balaios, esteiras, além de uma cerâmica típica, cada qual, com sua característica e todos construídos espontâneos e aceitos como parte de um pertencimento local.

No “imaterial” esta a representatividade artística de cada local e vários folguedos são representados nas festas de congadas, moçambique, cavalhada, folias de reis, fandango, o cateretê ou catira, o batuque, o samba de roda, o samba de raiz dos bumbos, samba de lenço além do jongo, a dança de São Gonçalo e de Santa Cruz, que os naturais denominaram de arabaqué.
Encontro de Culturas na Chapada dos Veadeiros, Villa de São Jorge, Goiás. Irmandades Terno de Moçambique (Santo Antonio do Amparo, MG) E Irmandade Nossa Senhora do Rosário (Terno de Cajuru, MG)

ACULTURAÇÃO E DESLOCAMENTOS DO FOLCLORE

Os estudiosos da antropologia cultural e social e historiadores buscam resquícios dos movimentos dentro do espaço urbano e rural, onde muitas vezes foram idealizados os primeiros repentes de tradição através da música de viola e também disseminada pelas culturas engendradas que deram ritmos variados ao jongo, a catira, batuque, congada e tantas outras.
MUSEU DE HISTÓRIA E FOLCLORE MARIA OLÍMPIA-CIDADE DE OLÍMPIA/SÃO PAULO- antigo palacete construído em 1925 pertencente ao imigrante italiano Giosué Tonanni onde no ano de 1973, o professor José Sant’Anna, fundou o Museu na "Capital do Folclore"

Claramente se vê hoje o maior interesse da mídia em mostrar o carnaval dos grandes centros que passa além das fronteiras. A natureza deste ritmo nasceu nos lundus dos terreiros estimulados pela participação de um modelo de roda passando aos entrudos embalando a desconcentração reunindo todas as camadas sociais voltadas a liberdade expansiva dos movimentos. As raízes foram transmitidas pela oralidade mantida por gerações respeitando os valores existentes anteriormente que mantiveram as formações iniciais.

O folclore é coisa relacionada ao passado ou algo que se transforma com o tempo nos ritmos do cotidiano?                                                        
  
As modificações são evidentes diante de uma evolução de deslocamento do que se fazem naturalmente nas ruas onde eram os pontos de encontram do “footing” faceiro nas praças,um espaço livre de expressões naturais, que depois foi confinado restringindo toda expressão aos salões e áreas de estádios ou passarelas construídas para estas finalidades em arenas próprias onde grupos determinados produzem evoluções sistematizadas, que muitas vezes fogem das raízes, mas ainda revelam traços dasa origens, numa mutação constante de movimentos que refletem um modelo diferenciado em uma modificação constante onde alguns valores insistem em manter-se preservados.

As comunidades moldadas pelos movimentos sociais possuem uma identidade e seus componentes estão integrados com um pertencimento local, embora todas as transformações da expansão urbana diluíssem parte dessa estrutura pelo deslocamento de um contingente por força da desapropriação de áreas pela expansão urbana que cortam o vinculo de valores existentes com relação a costumes locais.
DE SANTO AMARO PAULISTANO À PIRAPORA DO BOM JESUS 

Nisto tudo soma-se o envolvimento voltado à espiritualidade pelas tradições e devoções, com no caso das romarias planejadas que se deslocam em montarias em distâncias consideráveis e outra representações como os ritos marítimos em oferendas a determinada santidade em espírito de fé.
Parece existir uma corrente que não se rompe mantendo os elos unidos mesmo que inseridos outros valores mantêm os tradicionais festejos. Usar o folclore como fonte de tese acadêmica para mérito posterior, fazendo parte de uma biografia não transmite a essência dessas raízes e que estes deslocamentos não são necessariamente extinção de deste saber que possui o ritmo de suas transformações mesmo quando fatores políticos de Estado extinguem o foco da somatória de culturas.
APRESENTAÇAÕ NA CHAPADA DOS VEADEIROS, GOIÁS, DA CULTURA INDÍGENA DE PARELHEIROS, EM SANTO AMARO, SÃO PAULO/SP
O folclore como fonte de cultura deve passar a integrar o currículo escolar para manter essas tradições acessas em suas origens mantendo as tradições em um momento por uma geração que manteve viva as raízes para preservação desta historia popular provenientes de várias localidades e que se miscigenam com as muitas etnias existentes (aculturação) num esforço de preservação natural da vida em comunidade que unindo vários elementos formam o colorido da cultura popular.
60ª ROMARIA DE SANTO AMARO, SÃO PAULO, À PIRAPORA DO BOM JESUS /

"CULTURAS MISTURADAS EM BUSCA DE TOMBAMENTO DAS ROMARIAS DE SANTO AMARO/SP COMO PATRIMÔNIO HISTÓRICO"

Referências de estudos do folclore paulistano, estudos e implantação

José Piza- Contos da Roça, 1900

Cornélio Pires, a partir de 1912: Cenas e Paisagens da Minha Terra; Musa Caipira; Conversas ao Pé do Fogo, Sambas e Cateretês

João Phoca- Os Caiçaras, 1917

Carlos da Fonseca- Vida Rústica, 1918

Leôncio de Oliveira- Vida Roceira, 1919

Francisco Damante- Na Roça; O Bom Povo, 1919

Valdomiro Silveira, Os Caboclos; Nas Serras e nas Furnas, 1920

Edmundo Krug, 1910

Afonso Freitas, 1921

Amadeu Amaral, Tradições Populares

Mário de Andrade

Amadeu Amaral Junior

Oneida Tavares de Lima

Alceu Maynard Araujo

Sociedade de Etnografia e Folclore, 1937

Museu do Centro de Pesquisas Folclóricas Mario de Andrade, 1949

Museu de Artes e Técnicas Populares, 1954 (Ibirapuera)

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