quarta-feira, 15 de julho de 2015

A DIÁSPORA DOS IMIGRANTES ITALIANOS: SÃO PAULO (2)

FAZENDO A AMÉRICA

Em 1848 com o advento da "Primavera dos Povos" a Itália havia mergulhado em conflitos de reinos e não consegue se firmar como nação unificada sendo pressionada por influência da Áustria que dominava parte da região desde os tempos do Império Austro Húngaro e forçava a permanecia do absolutismo. A unificação acontece entre 1860/70 pela diplomacia e guerra sob a égide do Reino da Sardenha-Piemonte. Dois Giuseppes o Mazzini, um dos líderes, e Garibaldi, estavam interessados na unidade italiana e estão juntos pela causa republicana. Em 17 de março de 1861, foi promulgada a constituição do Reino da Itália mesmo não sendo acompanhada por Veneza, Roma e o Lácio que aderiram em 1870. Neste ano a Itália possuía cerca de 25 milhões de habitantes e permanecia basicamente agrícola e a pobreza atingia proporções alarmantes e a situação econômica e política beirava o caos. Os agricultores estavam à mercê dos latifúndios provenientes de antigos reinos nas mãos das classes dominantes e deste contexto aparece a oportunidade de imigrarem para a América. O governo imperial do Brasil decretou uma lei pela Assembléia Provincial em 30 de março de 1871 que autorizava o Governo da Província de São Paulo e emitir apólices até a quantia de 600:000$000 réis para subsidiar despesas de até 10.000$000 réis da vinda de colonos oriundos da Europa para trabalharem nas fazendas paulistas. Esse amparo monetário era liberado por uma comissão dos fundos destinados a “socorrer” os italianos que adentravam no país. Para a Itália com crises econômicas e não contornando as crises sociais como a alta taxa de desemprego, a emigração (saída) era vista como uma solução diante de possíveis convulsões sociais que poderiam ocorrer.

Fica registrado que sobre pressão dos cafeicultores e senhores de engenho não foi abolida a escravidão antes de medidas de garantias da substituição do escravo pelo imigrante! A Lei Euzébio de Queirós aprovada em 4 de setembro de 1850, tinha dificultado a vinda de mão de obra escrava para o Brasil. A lei no 601, de 18 de setembro de 1850 em seu artigo primeiro dispunha que : Ficam proibidas as aquisições de terras devolutas por outro titulo que não seja o de compra. Poucos que aqui chegavam, e muito menos quem estava sob o regime de escravidão possuíam recursos para adquirir terras. (Interessante “acontecer” a promulgação das duas leis simultaneamente!)

A província de São Paulo financiou a contratação de mão-de-obra imigrante por conta própria através do lucro da produção cafeeira que tinha propiciado grande expansão econômica, sendo que as outras províncias necessitavam de investimento do erário do Império para promover a vinda de mão de obra externa.

Deste modo um compromisso entre Agentes da Emigração e Companhias de Navegação que tinham sua base em Genova, na Itália, como ponto de partida para imigrantes agenciavam a mão de obra necessária para a agricultura brasileira e a viagem atravessando o Oceano Atlântico demorava entre 30 a 40 dias, dependendo do navio vapor que fazia a travessia. Todos que chegavam a São Paulo eram embarcados do litoral na Estrada de Ferro Santos-Jundiaí e esta mesma ferrovia terminada em 1867 era a mesma que embarcava a monocultura do café para a exportação através do porto de Santos.

“Far l’America”   
                
A imigração italiana a partir de 1886, em São Paulo vai atingir cifras enormes, representando quase 50% da imigração total do Estado, sendo seguidos por quase 20% de espanhóis e 15% de portugueses. A meta de imigração italiana era São Paulo com a presença na fronteira do café ao longo das ferrovias Mogiana e Paulista. Ascensão social dos imigrantes que iam para as plantações de café nas fazendas eram reduzidas. São Paulo em 1872 possuía 23.243 habitantes, em 1886 possuía 44.030 habitantes, em 1890 possuía 64.934 habitantes, em 1893 possuía 130.775 habitantes, em 1900 possuía 239.820 habitantes, em 1914 possuía 400.000 habitantes, em 1920 possuía 579.033 habitantes, em 1934 possuía 1.060.120 habitantes. Essa expansão demográfica foi devido a escalada de estrangeiros imigrados. (Do outro lado do Atlântico: Um século de imigração italiana no Brasil, de Angelo Trento, p. 123)

Os italianos inseriam em todas as camadas de trabalho dentro dos quais estavam barbeiros, sapateiros, alfaiates, cocheiros, carregadores, cavadores, pedreiros, canteiros, marmoristas, marceneiros, ferreiros, caldeireiros. Em 1894 dos 400 lixeiros de São Paulo eram italianos. Na industrialização tardia, muitos postos foram preenchidos por mão de obra proveniente de um proletariado proveniente da Itália e representava o maior contingente da classe operária em São Paulo.  Na construção civil no início da década de 1910 os pedreiros representavam 4/5 da força de trabalho deste setor. Na indústria têxtil a metade de tecelões eram italianos. A unificação da Itália e da Alemanha faz aparecer mais tarde um totalitarismo que vai eclodir com guerras entre potencias bélicas, diminuindo o fluxo imigratório até o final  da primeira guerra e sendo reativado no entre guerras e no término do segundo conflito bélico com a rendição da Alemanha, Itália e Japão que curiosamente vão fornecer grandes levas imigratórias antes e depois das guerras mundiais.


Referências:

HEFLINGER Jr, José Eduardo. LEVY, Paulo Masuti. E os Italianos Chegaram. Limeira, São Paulo: Unigráfica, 2010

TRENTO, Angelo. Do Outro Lado do Atlântico: Um Século de Imigração Italiana no Brasil, São Paulo, Nobel 1989.


A DIÁSPORA DOS IMIGRANTES ITALIANOS: SÃO PAULO (1)

FAMÍLIA FATORELLI: de São Carlos para Taquaritinga/Catanduva e depois à cidade de São Paulo

http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2014/02/familia-fatorelli-de-sao-carlos-para.html

Sem comentários: