sexta-feira, 13 de novembro de 2015

As Subprefeituras da Capela do Socorro, M’Boi-Mirim e Parelheiros e a Responsabilidade Ambiental em São Paulo

O grande desafio administrativo do Extremo Sul de São Paulo

Sabemos que as áreas físicas que abrange atualmente os distritos paulistanos estão representadas pelas divisões administrativas de 32 subprefeituras que devem prover as necessidades básicas da população paulistana e que são demandas por siglas constantemente alardeadas pelo em plenárias públicas.

Temos diante disto um grande desafio a ser transposto que englobam as áreas de mananciais e que, no caso da região do extremo sul, existem dois grandes reservatórios de suma importância para a cidade de São Paulo e que com a grande estiagem que ocorre nestes últimos tempos as Represas de Guarapiranga (34 km2) e Billings (106 km2) assoreadas e poluídas, com perda gradativa de áreas e volumes estocados, mal cuidadas que se tornaram parte da “caixa d’água” de abastecimento da cidade através de concessão, sendo interligadas entre si para as urgências atuais de estiagem.

Há debates intensivos que ocorrem em várias repartições públicas, representações nacionais e até internacionais em defesas do meio ambiente, institutos, ONGs e tantas outras que discutem as áreas de preservação dentro de uma legislação ambiental, havendo também nisso a expansão local de corporações imobiliárias ávidas por novos empreendimentos que se alastram por estas áreas e se ajustam com aval do Estado em fomentar uma compensação de derrubadas de vegetação que podem ser direcionadas para vários locais do Município de São Paulo, não exclusivamente em áreas onde foram desmatadas e que sofre a agressão do meio ambiente, mas no território como um todo. (vide: Compensação Ambiental Paulista http://www.ambiente.sp.gov.br/compensacao-ambiental/ e a Lei Federal nº 9.985, DE 18 de julho de 2000, http://www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/uploads/2015/02/Lei-Federal-9985-00.pdf)

O Poder Público e o Privado, juntos em nome de um desenvolvimento local de valorização territorial: o interesse da “gentrificação”

Em tudo isso há um “consentimento” velado, com acordos entre o poder público e os grandes empresários do setor imobiliário que desmatam ao bel prazer destruindo as margens ciliares dos rios e riachos existentes em áreas de interesse construtivo. Somados a isto existem ainda os “terreiristas políticos de plantão” que loteiam áreas do Estado como propriedade própria. Em cadeira parlamentar os egrégios fazem “ouvidos de mercador”, moucos passando por cima da lei, incentivando grupos a tomarem áreas de preservação ambiental fazendo com que avance a degradação física tanto em matas nativas como em espaços da sustentação de mananciais nestas zonas de preservação do bioma. 

A subprefeitura denominada Capela do Socorro tem sob sua “guarda” três áreas distritais, a saber: Socorro (12,90 km2), Cidade Dutra (29,30 km2) e Grajaú (92,00 km2) que abrange vasta área física de 134,2 km2 de alta densidade populacional. 




Somando ainda as subprefeitura de M’Boi Mirim, com duas áreas distritais a saber: Jardim Ângela (37,40 km2) e Jardim São Luiz (24,70 km2) perfazendo aproximados 62,1 km2 de área física total e grande adensamento populacional. 

A subprefeitura de Parelheiros que compreende os distritos de Parelheiros (153,50 km2) e Marsilac (200,00 km2) com 353,50 km2 no total, ainda com baixa densidade populacional em comparação com as demais.

Há um grande adensamento populacional deslocando-se empurrado pela valorização financeira de outras localidades, onde se obrigou a reprodução de um êxodo urbano, que é dinâmico e se desloca constantemente.

Estas três subprefeituras do extremo sul da cidade de São Paulo representam uma área física de 549,80 km2, ou seja, 36% do Município paulistano que está na mira dos grandes interesses financeiros e sem previsão de políticas públicas eficientes para o desenvolvimento sustentável de uma economia local, que não seja o extrativismo. O que há são  paliativos esporádicos ou ações de grupos solitários e abnegados sem nenhum provimento municipal.

Historicamente a dimensão atual destes distritos formados enquadra-se a história de Santo Amaro, sabendo que fizeram parte do que foi um Município independente da Capital paulista de 1832 a 1935 e que abrangia uma extensão territorial de 640 km2 tornando-se território do município de São Paulo em seus 1523 Km2 atuais. Anteriormente a “cidade” Santo Amaro que englobava todos os distritos citados. São Paulo possuía até 1935 uma área de 883 Km2, ou seja, a região do extremo sul de São Paulo representa em território um pouco mais de 40% da área atual da Capital paulista!
Hoje Santo Amaro é um distrito relativamente pequeno com 15,7 Km2, e sua antiga força de pólo industrial foi desativa quase que completamente restando apenas vestígios esporádicos dessa época de produção de manufaturados. O local é confluência de bairros que foram formados, fazendo parte de um grande território e que se expandiram vertiginosamente sem um plano diretor eficaz que agisse dentro da legalidade, considerando-se que há um consentimento permissivo e todo o território e considerado terras devolutas.
Um plano diretor deve levar em conta a diversidade como um todo da estrutura geográfica do lugar e não apenas expandir a cidade por interesses de ocupação desordenada apenas com compensações de interesses imobiliários em detrimento as necessidades vitais da população “que faz a cidade” de São Paulo, em parâmetros sempre crescentes.

Fica uma questão aberta: Como providenciar mitigação destas áreas degradadas?

Com a palavra o poder do Estado nesta geografia que sofre impacto ambiental constantemente, fazendo valer os planos regionais estratégicos de cada subprefeitura da Cidade de São Paulo!

Consideração:
Crônica elaborada pela liberdade de expressão, em nome da historiografia e pelo acompanhamento da identidade local, onde há grandes pesquisadores investigativos, que não parlamentam, mas observam!

Outros complementos:


Represa de Guarapiranga: ESCOPO

O ESGOTO NA REPRESA DE GUARAPIRANGA, ALERTA AOS PAULISTANOS: IMBRÓGLIO.





Referências bibliográficas:

RIBEIRO, João Paulo; WHATELY, Marussia. Billings 2000. Ameaças e Perspectivas para o Maior Reservatório de Água da Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2002

FRANÇA, Elisabete (coord.). Guarapiranga: recuperação urbana e ambiental no município de São Paulo. São Paulo: M. Carrilho Arquitetos, 2000.


Dados Demográficos dos Distritos pertencentes às Subprefeituras


Revisão Participativa da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS)

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